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Combatentes de Mianmar Mudam de Lado Devido a Dificuldades Financeiras na Guerra Civil
A dura e brutal matemática da guerra civil de Mianmar está a ser reescrita não apenas pela ideologia ou pelo território, mas por uma moeda mais desesperada: a sobrevivência. Um combatente de 24 anos, que dá apenas o nome de Soe, expõe uma realidade arrepiante que vai ao cerne da luta da resistência pró-democracia.Ele juntou-se à Força de Defesa do Povo (PDF) no rescaldo cru e desafiador do golpe de 1 de fevereiro de 2021, impulsionado pelo objetivo singular de 'recuperar a democracia' após testemunhar a junta militar destituir violentamente o governo eleito de Aung San Suu Kyi. Ex-estudante de física, a trajetória de Soe de estudante a soldado espelha a de milhares.No entanto, o seu relato revela uma fissura nas linhas da frente que tem menos a ver com convicção e mais com dinheiro frio e contante. Ele afirma claramente que muitos dos seus camaradas mudaram, por vezes, de lado, compelidos pela falta de compensação financeira a alinharem temporariamente com milícias apoiadas pela junta.Isto não é mero anedota; é uma hemorragia estratégica. Imagine o custo psicológico e tático: combatentes, já a operar em redes obscuras com recursos escassos, enfrentam a escolha entre passar fome pela sua causa ou aceitar a moeda do inimigo para alimentar as suas famílias.Esta dinâmica transforma o conflito de uma batalha clara de vontades numa guerra de atrito turva onde a lealdade é mercantilizada. A junta, apesar do seu isolamento internacional, ainda controla a economia formal do estado e vastos fluxos de receitas ilícitas de jade, madeira e narcóticos.Pode, e fá-lo, canalizar fundos para as suas Forças de Guarda de Fronteira e milícias Pyusawhti, criando uma estrutura de incentivo perversa. Para um combatente da PDF em Karenni ou Sagaing, onde as comunidades são queimadas e os meios de subsistência destruídos, uma deserção temporária para um grupo alinhado com a junta pode significar medicamentos para um filho doente ou arroz para uma aldeia deslocada.Isto cria um ciclo de feedback devastador: a fraqueza financeira corrói a coesão operacional, o que por sua vez mina a moral e os ganhos territoriais, tornando mais difícil assegurar o controlo estável necessário para construir governação e receitas alternativas. Especialistas como o Dr.Richard Horsey, um conselheiro sénior para Mianmar, alertam que esta dimensão económica é muitas vezes o centro de gravidade negligenciado em guerras civis prolongadas. 'Não se pode sustentar uma revolução apenas com paixão', nota ele.'O lado que conseguir melhor satisfazer as necessidades humanas básicas dos seus combatentes e da população de onde eles provêm detém uma vantagem decisiva, muitas vezes clandestina. ' A PDF e o mais amplo Governo de Unidade Nacional (NUG) tentaram formalizar estipêndios através dos seus impostos da 'Revolução da Primavera' e doações em criptomoedas, mas o sistema é fragmentado e pouco fiável, especialmente para os guerrilheiros comuns em áreas remotas.
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