Entrar no Benton Museum of Art é um pouco como entrar num teatro às escuras, momentos antes do início da abertura – há um silêncio palpável, uma sensação de antecipação pela história que está prestes a se desenrolar. Essa história, no caso da convincente retrospectiva de Maureen McCabe, é profundamente americana, embora não seja a versão encontrada nos livros didáticos.É uma jornada mística e mágica, uma sessão conduzida em pigmento e textura que evoca os sussurros espectrais do passado sobrenatural da nação. McCabe não apenas retrata a história; ela a canaliza, tratando suas telas menos como superfícies estáticas e mais como membranas porosas entre nosso presente e uma paisagem assombrada e animista.Seu trabalho insiste, com uma força silenciosa mas inegável, que o próprio meio é a mensagem, que a escolha do material – seja um impasto espesso e terroso que parece escavado do solo, ou lavados etéreos que imitam a névoa matinal sobre um campo de batalha esquecido – é o principal condutor de sua visão. Percorrer a exposição é testemunhar uma artista atuando como um médium no sentido espiritualista, usando a fisicalidade da tinta para dar forma ao intangível: o trauma persistente dos conflitos da fronteira, os mitos folclóricos nascidos dos vales isolados dos Apalaches, as cosmologias indígenas que viam cada rocha e rio como seres sencientes.Uma série, dominada por sombras profundas e lampejos de azul espectral, explora o folclore da Bruxa Bell, com camadas de tinta tão agressivamente raspadas e retrabalhadas que parecem a própria terra marcada, agarrando-se às suas histórias. Em outra, focada nos rituais da dança fantasma das tribos das Planícies, a aplicação é totalmente diferente – pigmentos frágeis e calcários parecem pairar e vibrar na tela, evocando tanto a esperança da cerimônia quanto a devastadora tragédia que se seguiu.É aqui que brilha o gênio de McCabe; sua execução técnica nunca é mero virtuosismo. É uma linguagem deliberada e ponderada.Um curador do museu observou nas notas da exposição que McCabe frequentemente coleta seus próprios pigmentos localmente, moendo terra de locais de significado histórico, literalmente incorporando a geografia de seus temas ao trabalho. Esta prática alquímica a conecta a uma longa tradição de artistas que buscam autenticidade através do material, mas seu foco está singularmente sintonizado com as memórias reprimidas da psique americana.O contexto mais amplo aqui é uma mudança significativa na arte contemporânea, onde a narrativa e um acerto de contas com a identidade histórica voltaram com força à linha de frente após décadas de abstração pós-moderna. McCabe se destaca porque ignora declarações políticas didáticas em favor de algo mais visceral e aberto.
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Ela cria um espaço para sentir, não apenas saber, o peso do passado. As consequências de sua abordagem são um engajamento mais empático e complexo com a história.
Suas pinturas não gritam conclusões; elas fazem perguntas em uma linguagem visual que é ao mesmo tempo bela e perturbadora. Elas sugerem que entender um lugar, especialmente um tão contestado e ideologicamente carregado como a América, requer ouvir suas histórias mais antigas e estranhas, aquelas que vivem no solo e no inconsciente coletivo.
A retrospectiva no Benton, belamente montada e cuidadosamente curada, faz mais do que mostrar a evolução de uma artista; oferece uma estrutura para ver. Argumenta que o verdadeiro tema de McCabe é o próprio processo da memória – como ela mancha, desbota, ressurge e distorce.
Em uma era de efêmeros digitais, suas telas insistente e laboriosamente físicas parecem objetos sagrados, relíquias de um passado determinado a se comunicar com o presente. A sala final da exposição apresenta uma única obra monumental intitulada 'Apparition, Cane River'.
É um campo giratório, quase monocromático, de cinza e prata, mas conforme você se move, imagens tênues emergem e se dissolvem – um rosto, uma mão, o contorno de uma cabana. É a síntese perfeita de seu projeto: a história está sempre lá, logo abaixo da superfície, esperando a luz certa, a perspectiva certa, o meio certo para trazê-la, mesmo que brevemente, de volta à vista.